O Doador de Memórias

Nome: O Doador de Memórias
Título Original: The Giver
Autora: Lois Lowry
Editora: Arqueiro
Livro: Skoob
Sinopse:

Ganhadora de vários prêmios, Lois Lowry contrói um mundo aparentemente ideal onde não existe dor, desigualdade, guerra nem qualquer tipo de conflito. Por outro lado, também não existe amor, desejo ou alegria genuína.
Os habitantes da pequena comunidade, satisfeitos com suas vidas ordenadas, pacatas e estáveis, conhecem apenas o agora - o passado e todas as lembranças do antigo mundo foram apagados de suas mentes.
Uma única pessoa é encarregada de ser o guardião dessas memórias, com o objetivo de proteger o povo do sofrimento e, ao mesmo tempo, ter a sabedoria necessária para orientar os dirigentes da sociedade em momentos difíceis.
Aos 12 anos, idade em que toda criança é designada à profissão que irá seguir, Jonas recebe a honra de se tornar o próximo guardião. Ele é avisado de que precisará passar por um treinamento difícil, que exigirá coragem, disciplina e muita força, mas não faz idéia de que seu mundo nunca mais será o mesmo.
Orientado pelo velho Doador, Jonas descobre pouco a pouco o universo extraordinário que lhe fora roubado. Como uma névoa que vai se dissipando, a terrível realidade por trás daquela utopia começa a se revelar..

Eu não sei exatamente o que esperava desse livro, mas sei que acabou me surpreendendo. O mundo em que Jonas vive é no mínimo estranho pra nós que temos tanta liberdade, sentimentos e confusão nas ruas. Lá o que mais existem são regras bem rígidas, e obrigações desde jovens. Jonas é um garoto da classe Onze, amedrontado por estar chegando o dia da Cerimônia onde irá fazer parte da classe Doze, e junto disso, será anunciado qual é a sua Atribuição, ou seja, o cargo que estará destinado a exercer pro resto da vida. Tem aqueles que são Criadores, que cuidam das crianças pequenas, outros são jurídicos, outros operários, enfim, diversas profissões que não são capazes de escolher, apenas mandados de acordo com o que costumam fazer mais no tempo livre, no que demonstram gostar de exercer. Há também a Mãe-biológica, um cargo no qual as mulheres podem ter até três filhos, e depois passam a fazer um serviço qualquer e vão parar no asilo. De verdade, achei aquilo um absurdo. Porque pessoas com um cargo específico além desse não pode ter filhos? Quer dizer, a mulher está lá com seus ovários funcionando perfeitamente, com o útero capaz de conceber um filho, prosseguir a geração da família, mas não pode? E achei muita falta de valorização às Mães-biológicas, porque elas deram luz à uma nova vida, e ainda assim o livro retrata como se não fosse nada demais. Isso, pelo menos pela visão daqueles que comandam tudo. Enfim, tem vários lances desse tipo que a gente olha e se assusta, porque de fato, é um ótimo método, como controle populacional e inclusive pra reduzir a violência, já que os filhos são educados desde cedo e amadurecem rápido, mas isso seria algo radical demais para se aplicar em qualquer mundo que existisse. Um lado que achei bem interessante e totalmente positivo é que as crianças a partir da classe Oito podem fazer trabalhos voluntários, então eles ajudam a entregar os condimentos, a fazer milhões de tarefas, até mesmo ajudar os idosos e dar banho neles. Que jovem hoje em dia se interessaria por isso, e faria o trabalho com carinho e dedicação, não é?

Na sua Cerimônia, Jonas recebe um cargo que jamais esperaria, muito menos os cidadãos da comunidade. Jonas é Atribuído como o Recebedor de Memórias, e será treinado pelo Recebedor atual. É o cargo mais honroso que existe, embora ele não consiga entender o motivo, ou o que afinal ele tem de fazer. E a partir de então, ele passa a ir todas as tardes pro seu treinamento, com o Doador (já que ele não aceita mais ser chamado de Recebedor), e Jonas passa a ter uma maior noção do que significa tudo aquilo. Aos poucos, ele vai recebendo lembranças tanto alegres e harmoniosas quanto dolorosas de tudo o que já aconteceu nos tempos antigos, nos tempos antes mesmo da comunidade ser formada. Todas as guerras, destruições e tristeza que levaram as pessoas escolherem pela Mesmice.

Vou me limitar por aqui, porque qualquer detalhe a mais pode entregar a história, mas é realmente magnífica toda a teoria que foi criada em sua base. De início, ficamos inconformados com todos os métodos e regras que os cidadãos seguem, mas com o decorrer do livro, com as lembranças que Jonas recebe e compartilha com o leitor, é inevitável parar pra pensar se essa não seria mesmo a solução para o fim de todos os conflitos da atualidade. Se essa não seria uma forma melhor de se viver, mesmo que pra isso, tivéssemos que abrir mão de determinadas coisas, como sentimentos e algumas emoções, como o amor e a pena. Será que suportaríamos viver num mundo pacífico e rotineiro, tão previsível, onde estaríamos sempre seguros? Ou seria impossível viver sem vivenciar sensações que nos trazem felicidade, que dão sentido à nossa vida?

Esse é um dos livros mais reflexivos que já li. Até agora não consegui me decidir qual caminho teria sido mais oportuno. Acho que ambos os lados são extremos, e infelizmente o ser humano não parece saber lidar com o meio-termo. Mas vou ser sincera, não gostei do final. Ficou muito vago, jogado pro leitor imaginar o que aconteceria, ou entender o que aquilo significava. Por toda a história incrível que foi, eu esperava um pouco mais.

E outro detalhe é que logo que eu li as primeiras páginas, a capa me incomodou. Primeiro é a presença da Fiona ali, que é a melhor amiga dele, mas que nem aparece tanto assim. E outra coisa, é a idade deles. Quando terminei o livro, fui ver o trailer do filme e aconteceu a mesma coisa. Desde o início, tive que assistir com uma visão completamente diferente e distante, como se nem tivesse lido a história, pra me conscientizar que é apenas uma adaptação, e não necessariamente uma cópia do livro. Até me perguntei enquanto lia como teriam feito o filme, porque a história é boa, mas não tem um conteúdo tão abrangente pra fazer um filme que capte nossa atenção. E daí eu vi a jogada dos diretores, incluindo diveeersas coisas que nem existem no livro. Sério, diversas mesmos, e isso é claro só pelo trailer, imagina duas horas de filme ahaha. E claramente colocaram atores mais velhos porque provavelmente ninguém quer ver crianças de 12 anos lutando pelo mundo (assim como em Percy Jackson), mas devido à criação de Jonas, acho que seria entendível o fato de ser tão amadurecido logo nessa idade. Mas enfim, há males que vem pra bem, quem sabe as situações acrescentadas ao filme deem uma emoção e ação a mais pra história e faça com que ela fique melhor do que já é.

Nota: 5

Sobre mim: Carolina Rodrigues, 19 anos, mora em Santos e cursa faculdade de Biomedicina. Adora dançar e ir pra praia, mas o que a faz realmente feliz é poder passar um dia inteiro lendo, vendo séries, escrevendo histórias ou ouvindo música.

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