Uma História de Amor e TOC

Título: Uma História de Amor e TOC
Título Original: OCD Love Story
Autora: Corey Ann Haydu
Editora: Galera Record
Livro: Skoob
Sinopse:

Bea foi diagnosticada com transtorno obsessivo-compulsivo. De uns tempos pra cá, desenvolveu algumas manias que podem se tornar bem graves quando se trata de... garotos! Ela jura que está melhorando, que está tudo sob controle. Até começar a se apaixonar por Beck, um menino que também tem TOC. Enquanto ele lava as mãos oito vezes depois de beijá-la, ela persegue outro cara nos intervalos dos encontros. Mas eles sabem que são a única esperança um do outro. Afinal, se existem tantos casais complicados por aí, por que as coisas não dariam certo para um casal obsessivo-compulsivo? No fundo, esta é só mais uma história de amor... e TOC.

Pelo título nós já sabemos do que se trata o livro, mas não é assim que a compreensão da doença acontece pra Bea. E nem quando li a resenha desse livro no blog Olímpico Literário, e resolvi devorar o livro, eu imaginava a imensidão do dilema.

Bea é uma garota que se encaixa perfeitamente nos padrões de normalidade, tanto em sua aparência como nas suas atitudes. O motivo de ter consulta semanal com a terapeuta era por uma circunstância básica: O término do namoro. Isso acontece com todo mundo, não é? Foi um impacto grande pra Bea, e ela só precisava superar Kurt. Mas então o tempo foi passando, a necessidade das consultas não parecia diminuir, e seus sintomas na verdade só aumentavam.

Por conta disso, foi fácil pra ela detectar um garoto passando mal numa festa quando a energia caiu. Ela sentiu o ataque de pânico próximo, e fez tudo que pôde para tranquilizá-lo, segurando em suas mãos ensopadas, sabendo por experiência própria pelo que ele estava passando.

As pessoas são tão ferradas. Todos nós, quero dizer. Somos todos tão ferrados.

De início, os hábitos de Bea não parecem nenhum absurdo, mas eles vão se intensificando drasticamente. Bea tem pavor de dirigir e acabar atropelando crianças ou cachorros; ela precisa se certificar de que estão bem, retornando diversas vezes pra garantir isso. Ela criou uma obsessão por Austin e Sylvia, também pacientes da Dra. Pat, sua terapeuta, e anota todas as conversas em um caderninho. E ainda assim o baque é enorme quando a Dra. lhe dá panfletos sobre TOC, o Transtorno Obsessivo Compulsivo, e informa que Bea deve comparecer nas sessões de grupo que montou além das consultas individuais.

Aquela ideia parece um pesadelo, mas Bea é convencida a ir e lá encontra Beck, ninguém mais ninguém menos que o garoto da festa. Ele parece tão normal quanto ela; porque diabos então precisavam ficar num lugar com gente tão problemática quanto Rudy, Jenny e Fawn, que pertenciam ao grupo? Eles tinham corpos atraentes e uma mente sana, só perdiam as estribeiras... De vez em quando.

Gosto demais do outro Beck para desistir dele. O da minha cabeça. O do escuro.

Essa é uma história bem densa, e não vou dizer que pesada, porque se trata de uma realidade que muitas pessoas pelo mundo enfrentam, e embora difícil, basta foco e um tratamento firme para aprender a lidar e controlar o instinto. Tem romance, mas acredito que a beleza dele está justamente em como Bea e Beck são colocados ao limite e ainda assim compreendem o desespero um do outro, se ajudando mutuamente. E também está presente o amor da amizade, o quão importante é ter amigos do seu lado que te freiem ou te apoiem, que no caso quem interpreta esse incrível é papel é Lisha, a parte humana “normal” que fica dividida quanto às loucuras de Bea, mas permanece do lado dela pro que der e vier.

Nem preciso comentar o quanto aprendemos com esse livro, né? Já li “Amy & Matthew”, que fala um pouco sobre o assunto, mas é sempre um choque o que o TOC é capaz de fazer a uma pessoa, o quão destruidora pode ser. Nós temos uma imagem supérflua quanto aos sintomas, pra mim o básico era lavar as mãos 500 mil vezes por dia, se certificar de que a porta esteja fechada, mas vai muito além disso. Cada indivíduo tem uma característica, uma obsessão específica que o define, que leva sua ansiedade a um nível extremo. E com isso paramos pra pensar nas nossas próprias manias, e então começamos a notar todas as estranhezas que fazemos automaticamente. Esses dias mesmo me perguntaram se tenho TOC porque sempre como primeiro a parte de cima da bolacha, pra depois pegar o recheio hahaha. É só um exemplo, lógico, a intensidade do TOC é inimaginável e progressiva, a pessoa só cai na real quando chega a uma ansiedade enlouquecedora.

Sentimentos são como cobertores, cobrindo você para que não consiga ver com clareza. Ou como labirintos nos quais pode facilmente se perder. Estou com medo de me perder.

Mas enfim, eu mais do que super indico a leitura! Pode ser um pouco arrastada, são longas páginas com um conteúdo restrito, mas que prende a atenção, principalmente se você gosta de ler sobre doenças. Eu particularmente fico feliz por atualmente estarem publicando mais livros abordando doenças de forma crua e real, não fantasiando-a, e sim mostrando todos seus lados negativos de dificuldade também, é algo de extrema importância que todos deviam ter conhecimento, então quando o vi no blog do David já deixei avisado que essa resenha logo apareceria de tão curiosa que fiquei com o livro hahaha.

Nota: 5

Sobre mim: Carolina Rodrigues, 20 anos, mora em Santos e cursa faculdade de Biomedicina. Adora dançar e ir pra praia, mas o que a faz realmente feliz é poder passar um dia inteiro lendo, vendo séries, escrevendo histórias ou ouvindo música.

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