The Kiss of Deception

Título: The Kiss of Deception
Título Original: The Kiss of Deception
Autora: Mary E. Pearson
Série: Crônicas de Amor e Ódio - #1
Editora: DarkSide
Ano: 2016
Páginas: 406
Livro: Skoob
Sinopse:

Tudo parecia perfeito, um verdadeiro conto de fadas menos para a protagonista dessa história. Morrighan é um reino imerso em tradições, histórias e deveres, e a Primeira Filha da Casa Real, uma garota de 17 anos chamada Lia, decidiu fugir de um casamento arranjado que supostamente selaria a paz entre dois reinos através de uma aliança política. O jovem príncipe escolhido se vê então obrigado a atravessar o continente para encontrá-la a qualquer custo. Mas essa se torna também a missão de um temido assassino. Quem a encontrará primeiro?
Quando se vê refugiada em um pequeno vilarejo distante o lugar perfeito para recomeçar ela procura ser uma pessoa comum, se estabelecendo como garçonete, e escondendo sua vida de realeza. O que Lia não sabe, ao conhecer dois misteriosos rapazes recém-chegados ao vilarejo, é que um deles é o príncipe que fora abandonado e está desesperadamente à sua procura, e o outro, um assassino frio e sedutor enviado para dar um fim à sua breve vida. Lia se encontrará perante traições e segredos que vão desvendar um novo mundo ao seu redor.
O romance de Mary E. Pearson evoca culturas do nosso mundo e as transpõe para a história de forma magnífica. Através de uma escrita apaixonante e uma convincente narrativa, o primeiro volume das Crônicas de Amor e Ódio é capaz de mudar a nossa concepção entre o bem e o mal e nos fazer repensar todos os estereótipos aos quais estamos condicionados. É um livro sobre a importância da autodescoberta, do amor, e como ele pode nos enganar. Às vezes, nossas mais belas lembranças são histórias distorcidas pelo tempo.

Antes de tudo, pausa para admirar essa capa extraordinária. Quando comprei o livro pela internet, eu estava ligando mais pra história do que pra edição, mas quando o tive em mãos, nossa! Somos tão acostumados com livros de brochura que se deparar com capa dura é algo divino, a gente agarra o livro e não larga pelo resto do dia. DarkSide está de parabéns, já sei que vou falir muito com vocês!


Logo na abertura do livro temos um mapa. No universo criado por Pearson, os reinos Morrighan, Dalbreck e Venda são rodeados por montanhas e por entre eles existem florestas e algumas cidadelas. A princesa Arabella Celestine Idris Jezelia (Lia pros mais chegados) de 17 anos é a Primeira Filha da Casa Real do reino de Morrighan, e ela deve se casar com o príncipe de Dallbreck a fim de firmar uma aliança entre os reinos. No entanto, Lia é apaixonada e se recusa a se casar com um príncipe que nem ao menos conhece, e com a ajuda de Pauline, as duas fogem.

Lia é uma mulher que foge dos padrões da realeza. Ela possui todas as características que a transformam numa mulher de poder, mas não por sua posição e sim por ser forte, corajosa, decidida e, agora, independente. Poucas mulheres da época ousavam fugir das responsabilidades, encarar um novo destino e ser respeitada. Lia é a nossa feminista não tão rara nas obras de hoje em dia. Podemos ver exemplo da mesma atitude na série Reign e em outros livros recentes, mas não deixa de ser admirável toda a sua bravura.


Durante longas noites ela e a amiga acampam na floresta e avançam a cavalo até Terravin, a cidade onde Pauline nasceu. Lá, elas são acolhidas por Berdi e passam a trabalhar na taverna. Com as mãos sujas e repletas de calos, Lia jamais seria reconhecida como uma princesa. E quanto aos soldados de seu reino, ela havia plantado pistas que os levassem a outra direção.

Lia estava maravilhada com a vida nova. Até que dois homens entram na taverna e chamam sua atenção. Eles se apresentam como Rafe e Kaden, fazendeiro e pescador, respectivamente. Lia nunca imaginaria que na verdade um deles era o seu príncipe vindo ao seu resgate e o outro era um assassino vindo roubar sua vida. E detalhe que até a metade do livro não é confirmado quem é o príncipe e quem é o assassino! Algo tanto interessante quanto confuso.

Desde o início, Rafe e Kaden se mostram hóspedes peculiares. Por razões próprias e de poucas explicações, eles estendem a estadia por várias e várias semanas. Além de cavalheiros e misteriosos, são prestativos, auxiliando as moças da taverna sempre que possível. A companhia deles é tão constante que o estranho é quando estão ausentes.

Nem sempre o inimigo vem marchando em grandes exércitos, menino, disse-me com desdém. Às vezes, o inimigo é apenas uma pessoa capaz de derrubar um reino.

Tanto o príncipe quanto o assassino se apaixonam pela princesa. Ela é tudo o que eles não imaginavam. Nada prepotente ou egoísta. O príncipe pretendia somente analisá-la à distância, sem criar relações. Ele invejava a audácia de sua princesa; era ele quem deveria ter posto um fim no casamento. Ele quem deveria ter a coragem de fugir, não ela. E a cada dia ela o surpreendia mais.

Enquanto o assassino prolonga o inevitável fim de sua vítima, porque matá-la se torna uma tarefa árdua demais. Ao longo de sua jornada, a morte era algo que ele conhecia bem. Ele foi treinado para isso desde criança. Seu ódio pelos nobres era claro, e Lia não era mais um deles.

As mulheres da família de Lia tinham o Dom. Ou seja, elas previam o que estava por vir, seja com visões ou mensagens que escutavam. Lia não acreditava ter sido presenteada com o dom, mas ela acaba por descobrir que esse dom, presente ou não, pode ser o único capaz de salvá-la.


The Kiss of Deception é uma obra espelhada em séculos passados e projetada num universo singular. Embora tenhamos ação, a maior parte decorre com calma, afinal, Pearson é muito cuidadosa e empenhada em apresentar a ambientação. Como é uma trilogia, neste primeiro volume conhecemos alguns dos lugares do mapa e cada um tem suas peculiaridades. Além disso, no início de cada capítulo temos trechos da Canção de Venda e também trechos de Os Últimos Testemunhos de Gaudrel. Aos poucos, ambos começam a se interligar com a história contada e a fazer sentido, portanto recomendo a quem pretende ler, prestar atenção nessas partes, pois são importantes.

Os capítulos são narrados em primeira pessoa e intercalados entre Lia, Rafe e Kaden. Foi uma escolha boa para nos familiarizarmos com os personagens. No entanto, ainda assim foi difícil crer no triângulo amoroso que a autora formou. Por si só, triângulos amorosos me dão nos nervos, e se eles não são bem construídos, se não convencem, fica bem complicada a leitura. Rafe e Kaden se conhecem do lado de fora da taverna, ou seja, eles nunca foram amigos antes disso, embora tenha sido isso o que mostraram ser à Lia. Em momento algum ela questiona como eles se tornaram amigos. Em momento algum Rafe ou Kaden resolvem desafiar o outro e descobrir o real motivo de estar ali prolongando tanto a estadia. Eles chegam até a desconfiar da intenção um do outro, mas só. Será mesmo que eles aceitavam que era somente uma coincidência? Que acreditavam na boa índole um do outro? Pra mim pareceu apenas uma forma pra autora conduzir o resto da história com tranqüilidade. E essa falta de atitude deles realmente incomoda. Estão cegos por Lia e não pensam em mais nada além do dever que estão ali para cumprir. Um pouco clichê, né?


O que salva a história é a adaptação da Lia ao novo mundo, afinal é um baita desafio, dado ao que ela estava acostumada. Lia é uma alma de bom coração e comprova isso em diversas cenas, principalmente as de maior tensão. Da metade pro fim o livro pega gás e me vi devorando as páginas, clamando pelo segundo volume. Embora alguns aspectos tenham me desapontado, The Kiss of Deception contém determinados elementos que lhe dão um diferencial, como o Dom e o kavah nas costas de Lia. Para todos os amantes de romances de época e de fantasia, está mais do que indicado!

Nota: 4

Sobre mim: Carolina Rodrigues, 21 anos, mora em Santos e cursa faculdade de Biomedicina. Adora dançar e ir pra praia, mas o que a faz realmente feliz é poder passar um dia inteiro lendo, vendo séries, escrevendo histórias ou ouvindo música.

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