Como Tatuagem

Título: Como Tatuagem
Autor: Walter Tierno
Editora: Verus
Ano: 2016
Páginas: 308
Livro: Skoob
Sinopse:

Artur é um cara rico, superficial e egoísta. Bonito e popular entre as mulheres, não tem o menor respeito por elas — sua vida amorosa se resume a colecionar parceiras na cama. Essa rotina de prazeres e privilégios é interrompida quando ele sofre um grave acidente de carro. Para ajudá-lo a se recuperar, sua mãe contrata a fisioterapeuta Lúcia. Desde criança, Lúcia sofre o preconceito que persegue os portadores de vitiligo. Sua mãe sempre esteve presente para apoiá-la e fazê-la enfrentar os obstáculos que a vida lhe impõe. De temperamento doce, porém decidido, Lúcia tem uma consciência peculiar e aguda sobre o mundo. Mas, quando se vê sem o amparo materno, suas certezas desabam.
O encontro de duas pessoas tão diferentes vai gerar muito atrito, mas com o tempo Lúcia e Artur vão descobrir algumas das infinitas facetas do amor e, entre conquistas, medos, perdas e paixões, verão suas vidas transformadas para sempre.

Artur tem 24 anos e é campeão de taekwondo. Rico, mimado e egocêntrico, quer tudo do seu jeito e usa as mulheres como objeto. O apartamento dado pelo pai serve como um abatedouro. A cada dia ele leva uma mulher diferente pra se divertir e depois dar um pé na bunda delas. É um machista completo que desrespeita não somente as mulheres, como todos ao seu redor.

Tudo muda quando o bonzão sofre um acidente de carro. Ele estava dirigindo sem cinto, voou pela janela, e o carro capotou sobre suas pernas. Perda total. Ele acorda no hospital com dois cotos onde deviam estar suas pernas, que tiveram de ser amputadas. Artur é tomado por um processo longo de negação. Como ele poderia continuar praticando luta daquele jeito? Tudo estava acabado, e ele não dava ouvidos à ninguém. Todos os seus defeitos se agravaram. Ele era sarcástico, grosseiro e completamente desagradável com todos os profissionais que os pais contratavam para cuidar de sua recuperação. Não queria fisioterapeuta, não queria usar prótese, ele estava inteiramente perdido e usava a arrogância como uma arma. Só que ela não iria funcionar com Lúcia.

Lúcia é uma fisioterapeuta que trabalhava numa clínica de casos semelhantes ao de Artur, até que foi despedida, indiretamente, pelo seu vitiligo. A doença tomou conta de sua pele da cabeça aos pés quando criança, e sua vida nunca mais foi a mesma. Todos os dias ela tinha que passar maquiagem no rosto como um ritual, cobrindo as manchas, por mais que sua Mamuska (como chamava a mãe) de gênio forte a aconselhasse do contrário. Mas ela ainda não estava pronta. Até que conheceu (ou reencontrou) Artur.

Você deve estar pensando “Peraí, eu já vi essa premissa em algum lugar”.

Mesma receita de Como eu era antes de você, não é?

Só que a discrepância do resultado é explícita.



Walter Tierno é um escritor nacional, e fico feliz por ver como nossos autores estão ganhando espaço no mercado editorial. A história se passa em São Paulo, e vários dos bairros são citados. Até Santos aparece lá ♥ A edição ficou muito caprichada. A fonte da letra muda de acordo com o narrador/capítulo, e essa capa, gente! Simplesmente maravilhosa.

Admito que uma parte de mim se interessou por Como Tatuagem justamente pela semelhança com a obra da Jojo Moyes. É meu livro favorito de romance de todos os tempos, e eu deveria imaginar que nenhum outro chegaria aos pés.

A história é narrada por Artur e Lúcia em capítulos intercalados. Primeiramente somos apresentados aos personagens e à vida que costumavam ter. A boca suja do Artur me incomodou bastante. Em cada parágrafo havia uma enxurrada de palavrões e palavras chulas, baixas, acompanhadas de gírias. Uma linguagem que vemos na boca dos jovens por aí, só que não combina com uma obra. O autor quis aproximar ao máximo o leitor da realidade, mas é como diz uma imagem que vi esses dias: “A gente busca nos livros as histórias que não podemos viver”, e a ideia é essa. Esse foi um dos fatores pelo qual não criei conexão com o livro. A escrita do autor é boa, mas honestamente, o linguajar inadequado e algumas divagações desnecessárias pecaram.

Lúcia é doce, gentil, mas firme, o que permitiu que ela colocasse Artur no seu devido lugar. O livro aborda muitos assuntos pertinentes envolvendo preconceito e os direitos das mulheres na sociedade. Usar a roupa que desejam, ser dona do próprio corpo, ser respeitada quando diz não. Como eu já disse, Artur é machista e pode chegar a dar nojo no leitor, mas faz parte do seu amadurecimento. Dele e de muitos homens por aí que ainda têm o mesmo pensamento que ele, não é? E o mais legal é que em nenhum momento as mulheres do livro abaixam a cabeça frente à um insulto desses. Elas rebatem e enfrentam.

O romance do casal também não chegou a me convencer e emocionar, mas num geral, segue a mesma linha de Como eu era antes de você. A família do Artur é escrota, o pai o considera um meio-homem, a irmã mal se importa, e a mãe vive chorando. É um ambiente negativo, apesar da riqueza, que o conduz cada vez mais à um futuro sem esperanças. Lúcia consegue motivá-lo, tanto desafiando-o, como apenas o escutando desabafar. É um livro que fala de tragédia, superação e evolução.



Nota: 4

Sobre mim: Carolina Rodrigues, 21 anos, mora em Santos e cursa faculdade de Biomedicina. Adora dançar e ir pra praia, mas o que a faz realmente feliz é poder passar um dia inteiro lendo, vendo séries, escrevendo histórias ou ouvindo música.

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