Fim do Jogo

Título: Fim do Jogo
Título original: House
Autores: Frank Peretti e Ted Dekker
Editora: Thomas Nelson Brasil
Ano: 2007
Páginas: 304
Tradução: Marcelo Barbão
Livro: Skoob
Sinopse:

Numa casa assustadora, sete jogadores participam de um jogo mortal. Há apenas 3 regras que não fazem sentido algum, exceto para um serial killer. Ao longo do jogo, percebe-se que a única forma de vencer é perder e a única forma de sair é entrar.

Sabe aquele livro old que você sempre teve vontade de ler, mas por algum motivo nunca encontrou oportunidade para tal? Pois então. Fim do Jogo é de 2007, faz apenas 10 anos desde o seu lançamento, e lembro que a Mari, lá do Rio Grande do Sul veio me visitar com o livro em mãos, dizendo que a obra era sensacional e que eu ia gostar bastante. Bom, a curiosidade só aumentou né, mas isso aconteceu já faz uns anos, e só agora finalmente consegui conferir a história. E eu já sei o que vocês estão pensando. “Deixa eu ler essa resenha correndo, porque já não fui com a cara dessa capa diabólica”. Calma lá que eu vou te explicar mais sobre esse jogo!

O mal era algo palpável. A morte os perseguia e a única maneira de sobreviver poderia ser matar.

O livro começa com Jack e Stephanie na estrada indo para uma reunião encontrar alguns amigos. Jack está dirigindo, torcendo para que a viagem fizesse Stephanie mudar de ideia e desistir do divórcio, mas na verdade nem ele mesmo está convicto de que deseja continuar casado. Stephanie é cantora, e até suas músicas passaram a enjoá-lo. Depois do acidente que matou a filha deles, nada mais foi do mesmo jeito.

No meio do caminho, Jack percebe que perdeu a entrada para Montgomery, e é auxiliado por um policial, que após fazê-lo descer do carro e meter o terror no cara, indica uma direção alternativa. No entanto, enquanto a noite cai e a preocupação se instala no carro, Jack acaba passando por cima de algo que fura os pneus do carro e os obriga a procurar refúgio. Sortemente (ou não), Jack e Stephanie estão próximos a uma casa que aparenta ser um hotel. Quando entram, encontram o local vazio, exceto por outro casal, Leslie e Randy, que tiveram o mesmo incidente com o carro.

Alarmados com a aparência convidativa e elegante do interior da casa, e com a ausência dos donos do lugar, eles passam a vasculhar a casa, até que dão de cara com uma senhora chamada Betty, que se diz dona do hotel, mas também parece bem suspeita. Logo, se juntam a eles o seu marido, Stewart, e seu filho, Pete. Acontece que aquela é uma família estranha. Eles não tem televisão, nem telefone, e desviam das perguntas dos recém-chegados. Além disso, a mesa estava disposta para quatro, como se estivessem os esperando.

A cada segundo ao lado deles, os dois casais notam que há algo muito errado tanto com a família quanto com a casa. E tudo piora quando Betty alerta que ele chegou. Ele, Barsidious White, o Homem de Lata. Um assassino em série que usa uma máscara e vêm matando há meses.

Tudo o que acontece nos minutos seguintes é desconcertante. As portas foram trancadas do lado de fora. Não há meio de escapar, a não ser entrar no jogo de White, e tudo se torna claro quando ele joga uma mensagem aos seus prisioneiros:

Bem-vindos à minha casa.
Regras:
1. Deus veio até a minha casa e eu o matei.
2. Vou matar qualquer um que entrar na minha casa como matei Deus.
3. Se vocês me oferecerem um corpo, deixarei dois escaparem.
O jogo acaba ao amanhecer.

A partir de então, o interior da casa se torna um campo de guerra. Eles não tinham como sair, e a ideia de ficar preso com aquela família louca era assustadora. White claramente estava brincando com eles. Sua intenção não era entrar. Ele queria se divertir. Ele queria um corpo até o amanhecer. Eles tinham poucas horas para tomar uma decisão, o que não era uma tarefa fácil, uma vez que Betty, Stewart e Pete mostraram do lado de quem eles realmente estavam, e partiram pro ataque. Eles precisavam fugir da família, e encontrar uma forma de escapar da casa durante a madrugada. Ou escolher quem morreria.

Se a situação tomou um caminho tenso na casa, as coisas foram ladeira abaixo quando Leslie sumiu, e Jack e Randy decidiram procurá-la no porão.

Bem que Betty avisara. Não entrem no porão.

Uma vez no porão, a barra fica pesada. Quartos com pentagramas desenhados no chão, corredores que davam em locais totalmente diferentes, portas que os sugavam pra escuridão, o porão era praticamente um labirinto. Talvez o leitor fique ligeiramente confuso a partir daqui, mas nada de absurdo. O porão é imenso, o espelho não reflete o reflexo deles, e quanto mais perambulam, mais se sentem próximos de perder a cabeça.

A mão direita de White começou a tremer. Ele não tentou pará-la. Bem no meio do Alabama, longe dos olhares de todos, onde a escuridão tinha engolido toda a luz, ele tinha direito a sentir um pouco de prazer, não é mesmo?

Fim do Jogo é exatamente isso, um terror psicológico enlouquecedor. Dentro do que estavam vivendo, o que de fato era real e o que era ilusão? Será que eles estavam começando a alucinar? Quem era White? E a casa, que parecia contribuir com toda aquela tortura? Seria ela mal assombrada? Haveria algo de sobrenatural envolvido naquele jogo?

Com a adrenalina, as emoções dos personagens estão explodindo. Toda sensação é sentida com a alma inteira. A raiva, o alívio e breve sensação de paz, a gratidão, o desespero, são sentimentos completamente palpáveis graças aos personagens. Pode ser que eles não sejam exatamente carismáticos, isso é verdade. Stephanie é dramática e não é a toa que eles passam maior parte do livro berrando com ela. Randy é forte e corajoso, mas um pleno egoísta que só sabe olhar pro próprio umbigo. Na hora do aperto, nem a namorada mais importa. Jack e Leslie foram os personagens que eu mais me afeiçoei. Leslie é psicóloga e mantêm a sanidade do grupo, fazendo-os raciocinar com calma, impedindo-os de se entregar à loucura. Jack é escritor, altruísta, e também valente. O tipo de personagem puramente humano, que consegue pensar sob pressão, mas que também fraqueja quando tem de tomar a liderança de decisões significantes. O tipo de personagem pelo qual você torce até o fim.

O ritmo da leitura pode ser um pouco cansativo de início, mas após colocarem o pé dentro da casa, se torna frenético, e você não consegue desgrudar os olhos até saber no que vai dar aquele jogo. Se você está procurando por terror, aviso que não é exatamente o que você vai encontrar. Psicológico, sim, mas não de botar medo. Na verdade, a obra se direciona pra um lado fantasioso que pode tanto agradar quanto decepcionar o leitor. O final, infelizmente, não foi lá mil maravilhas, quando comparado ao restante da obra. A Leslie e a Stephanie agiram de forma não coerente com a personalidade que as personagens haviam demonstrado ter até então, e num geral, o término deixa a desejar. Mas ainda assim, é uma obra maravilhosa que conta com bastante ação, e que te faz sentir como se estivesse preso também. Não na casa, pelo menos (ufa), mas nas páginas do livro.

Nota: 5


Sobre mim: Carolina Rodrigues, 22 anos, biomédica. Adora dançar e ir pra praia, mas o que a faz realmente feliz é poder passar um dia inteiro lendo, vendo séries, escrevendo histórias ou ouvindo música.

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