Sonata em Punk Rock

Título: Sonata em Punk Rock
Autora: Babi Dewet
Série: Cidade de Música - #1
Editora: Gutenberg
Ano: 2016
Páginas: 300
Livro: Skoob
Sinopse:

Por que alguém escolheria uma orquestra se pode ter uma banda de rock? Essa sempre foi a dúvida de Valentina Gontcharov. Entre o trabalho como gerente do mercado do bairro e as tarefas de casa, o sonho de viver de música estava, aos poucos, ficando em segundo plano. Até que, ao descobrir que tem ouvido absoluto e ser aceita na Academia Margareth Vilela, o conservatório de música mais famoso do país, a garota tem a chance de seguir uma nova vida na conhecida Cidade da Música, o lugar capaz de realizar todos os seus sonhos.No conservatório, Tim, como prefere ser chamada, terá que superar seus medos e inseguranças e provar a si mesma do que é capaz, mesmo que isso signifique dominar o tão assustador piano e abraçar de vez o seu lado de musicista clássica. Só que, para dificultar ainda mais as coisas, o arrogante e talentoso Kim cruza seu caminho de uma forma que é impossível ignorar.
Em um universo completamente diferente do que estava acostumada, repleto de notas, arpejos, partituras, instrumentos e disciplina, Valentina irá mostrar ao certinho Kim que não é só ele que está precisando de um pouco de rock’n’roll, mas sim toda a Cidade da Música.

A paixão de Valentina é a música. Por isso, quando o pai que a abandonou quando criança reaparece, interessado na filha e oferecendo uma vaga na Academia Margareth Vilela, a melhor escola de música do Rio de Janeiro (se não do Brasil), ela não encontra forças para negar a oportunidade. Era o seu sonho, afinal. E não seria o exibicionismo do pai por ter estudado na mesma escola que a impediria. Estava fazendo aquilo por si mesma.

Ao chegar lá, sua primeira impressão não é muito boa. Escuta conversas de garotas sobre homens machistas, e ainda tromba com um rapaz (o mais lindo que já viu na vida, aliás) asiático, claramente bêbado, que pede ajuda a ela.

No dia seguinte, Valentina (ou Tim pros mais íntimos) descobre que o rapaz é ninguém mais, ninguém menos, que Kim, o filho da diretora, e de longe o melhor pianista daquela escola. Também é o mais perseguido pelas garotas. Tem fotos coladas do cara pela escola toda! E, honestamente, ele é também o mais babaca. Adora pegar no pé de Valentina (ou ela que adora tirar ele do sério?), ser arrogante e prepotente com todos ao seu redor.

Valentina passa dias sozinha na escola, observando o modo culto e elegante que todos se vestem, os instrumentos refinados que tocam, e como a acham estranha por preferir punk rock e andar com roupas desleixadas pelos corredores. Ela sabe que não faz parte daquele mundo, mas está disposta a mostrar que ser diferente não é algo ruim.

Algum tempo depois, Tim esbarra em Sarah, e é amizade à primeira vista (?). Sarah logo a apresenta à Pedro e Fernando, e Tim entra pro grupinho com a maior naturalidade. Ela finalmente se encaixa em um lugar e é aceita do jeitinho que é.

Valentina também se mete em várias frias, como escolher o piano como instrumento alternativo para tocar, e precisar bolar um plano para que Kim a ajude a treinar. Será que Kim vai topar? Será que algo além de faíscas irá sair entre os dois dessas aulas?

- Não pedi sua opinião – ela respondeu, baixinho.
- Ninguém nunca pede, e eu não daria se pedissem. Mas às vezes você precisa calar a boca e aguentar tudo quieta. Mesmo que tenha vontade de explodir, fugir e ir embora. A música é prioridade. Então faça o melhor que puder. Se tem alguém que nunca vai te abandonar, é sua música. É a única coisa em que podemos confiar. É a única coisa que não nos vira as costas.

Conheço a Babi Dewet desde o tempo das fanfics. Sábado à noite foi sua obra inicial com uma pegada clara de fanfic, o que era justificável, mas Sonata em punk rock ter o mesmo ar, não é. Acho que a Babi se prendeu demais ao mundo teen e esqueceu que estava escrevendo sobre pessoas que já estão na faculdade. Existem sempre os imaturos, é lógico, mas as intrigas são muito colegiais, o que tira um pouco a graça da história.

A maioria dos personagens são mesquinhos e egoístas. Provavelmente a intenção dela era usá-los para servir como exemplo de como não devemos ser, dando algumas lições morais sobre preconceito, feminismo e bullying, mas não colou. Esses vulgos tapas na cara da sociedade são trazidos em apenas uma/duas páginas, e mal desenvolvidos. Acho que se não é pra aprofundar o assunto, então nem o levante. Acabaram não tendo impacto, e não fizeram diferença.

Mas o pior, infelizmente, está nos protagonistas. Primeiro que a Valentina é uma cópia idêntica da Babi, o que me leva de volta ao fator fanfic. Nós dessa época tínhamos o hábito de caracterizar os personagens parecidos conosco, o que era aceitável, mas se tratando de um livro que muitas pessoas irão ler e levar a sério, acho que o autor tem o direito, sim, de descrever o personagem de forma semelhante, mas não igual. Ter alguns gostos em comum, algumas manias, se inspirar em amigos, mas ao menos eu, que acompanho a Babi há um tempo, não consegui separar a Valentina dela. Pra mim é a mesma pessoa. Cabelo loiro, usa rímel, usa coturno, adora McFly, e a única “diferença” foi a amiga gostar de K-Pop, não ela. O namorado asiático. Os amigos. Foram muitos itens que me fizeram conectar a personagem fictícia com a pessoa real, então sei lá, acho que não consegui encarar a protagonista da forma que era pra ser.

Kim é o maior absurdo da história. O livro inteiro a Tim se mostra uma pessoa forte, batalhadora, persistente, que não leva desaforo pra casa, e vai se relacionar justo com quem a maltrata. O típico casal de livros de sofrência. E no fim das contas, Kim nem possui uma grande justificativa para ser do jeito que é com os outros. Para uma garota com a cabeça tão no lugar que nem a Tim, não sei o que ela viu nele que merecesse toda a insistência. Acho que as mocinhas apenas curtem um cara misterioso mesmo.

Os capítulos são narrados em terceira pessoa, 90% pelo POV da Tim, e vez ou outra pelo do Kim, o que também me incomodou a mistura de pensamentos, mas vamos deixar os pontos negativos de lado e falar dos positivos. A escrita da Babi é ótima, bem fluida e leve, tornando a história agradável. Cada capítulo contem o nome de uma música e sua respectiva banda, e essa música é citada durante o capítulo, ou até mesmo cantada por Tim, que não vive sem seus fones de ouvido. As referências são muitas, mas logicamente a que mais me identifiquei foi quando ela comentou do McFly. Claro que eles precisavam aparecer, né hahaha.

Senti falta de uma maior colocação da Tim quanto ao seu pai e o que ele significava pra ela, além do básico “não gosto dele porque me abandonou”, mas esse é apenas o primeiro volume, então existe a possibilidade de esse lado familiar ser melhor apresentado nos volumes seguintes. Na verdade, eu não sei se os próximos volumes são uma continuação da história de Valentina, ou se irão contar sobre outros personagens, então... Vamos esperar pra ver!

Com uma capa linda e escrita envolvente, a cidade da música foi feita para todos os amantes de música!

Nota: 4


Sobre mim: Carolina Rodrigues, 22 anos, biomédica. Adora dançar e ir pra praia, mas o que a faz realmente feliz é poder passar um dia inteiro lendo, vendo séries, escrevendo histórias ou ouvindo música.

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